19 março 2007

Velocidade x Direção

“Não é bom ter zelo sem conhecimento, nem ser precipitado e perder o caminho”.


Um ditado popular muito conhecido diz que “de boa intenção o inferno está cheio”. Não faço a mínima questão de ir até lá conferir a informação, mas por estas bandas a “boa intenção” é uma qualidade muito admirada. Não importa se o que fazemos é correto ou não, mas se estamos fazendo de coração, com todo esforço, isto é o importante.
Este pensamento pode trazer conseqüências terríveis. Imagine-se deitado no leito do centro cirúrgico, aguardando para ser operado. Você já está devidamente anestesiado, quando o cirurgião te olha e diz: “Olha, eu não cursei a faculdade de medicina, mas vou fazer o melhor. Vou te operar com a maior boa vontade”. Ou então, durante um vôo em um Boeing 747, o piloto dirige-se aos passageiros: “Senhores passageiros, venho informar que nunca pilotei um avião na minha vida, mas estou fazendo com a melhor das intenções”.
A situação piora quando se trata da nossa caminhada espiritual. Pois, ao contrário do que dizem por aí, nem todo caminho leva a Deus. Até porque isto seria impossível. Dizer isto é o mesmo que dizer que, independente do caminho que eu siga, vou chegar a Salvador.
Você pode estar pensando “Espera aí, quem te disse que isto é impossível?” Calma, eu te explico. Há muito tempo atrás, numa galáxia muito, muito distante, surgiu um homem chamado Aristóteles. E uma das suas descobertas foram as leis da lógica. A lógica lida com os métodos de pensamento válido. Revela como tirar conclusões adequadas de premissas e é um pré-requisito de todo o pensamento.
As três leis fundamentais da lógica são:
1. A lei da não-contradição (A não é não-A);
2. A lei da identidade (A é A);
3. A lei do terceiro excluído (ou A ou não-A).
Cada uma tem uma função importante. Sem a lei da não-contradição poderíamos dizer que Deus é Deus e que Deus é o Diabo. Se a lei da identidade não for obrigatória, não pode haver unidade nem diversidade. Sem ela não há diferença em dizer: “Eu sou eu” ou “eu sou uma cadeira”. Se a lei do terceiro excluído não valesse, os opostos poderiam ser verdadeiros.
Como todo pensamento válido é regido pelas leis da lógica, quando falamos de assuntos espirituais não poderia ser diferente. Todas as religiões possuem divergências entre si, e por causa da lógica, elas não podem estar certas ao mesmo tempo.
Então, melhor do que buscar a Deus com boa vontade, o melhor é buscá-lo da maneira correta. O mais importante não é a sua boa intenção em seguir aquilo que você acha melhor. É preciso descobrir primeiro se o caminho escolhido é o correto.
Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”. Esta declaração pode parecer arrogante, intolerante e exclusivista. Mas a verdade é exclusivista. Como vimos acima, duas proposições divergentes não podem estar certas ao mesmo tempo, o que traz este caráter intransigente às declarações de Jesus. E quando falamos de Deus, ninguém pode falar com mais certeza do que Ele.
Posso não estar indo depressa. Mas prefiro continuar caminhando lentamente pelo caminho certo, do que correr desesperado pelo errado.