06 abril 2010

Como se Tornar um Legalista

Por Mark Driscoll

1. Crie regras fora da Bíblia.
2. Empenhe-se em cumprir as suas regras.
3. Castigue a si mesmo quando não cumprir as suas regras.
4. Fique orgulhoso quando cumprir suas regras.
5. Nomeie-se como juiz sobre as outras pessoas.
6. Fique irado com as pessoas que violarem as regras ou que tenham regras diferentes.
7. "Ataque" os perdedores.

05 abril 2010

Império Vs Reino

Por Glenn Lucke (Docent Research)

Você esta edificando o Reino de Deus ou o seu próprio Império?

O apóstolo Paulo escreve à igreja de Corinto, dizendo que tinha recebido relatos das divisões entre eles. “Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?” (1 Co 1.12-13)

Seguidores querem um herói para cultuar
Enquanto Paulo aborda especificamente as facções e disputas que acontecem na igreja de Corinto, os termos "Eu sou de Apolo" e "Eu sou de Cefas" carregam de maneira implícita a tendência que algumas pessoas têm de obter a identidade, o sustento e a própria vida da obediência a um líder. Seguir bem é o que os seguidores devem fazer, e dar a honra a um professor é bíblico, mas o que é ortodoxo sobre a adoração a um herói?
Os líderes não podem ajudar que o pecado se manifeste através de algumas pessoas colocando meras imagens de Deus em pedestais. Não é o pecado de bons líderes, mas o pecado de seguidores idólatras que colocam meros seres humanos em pedestais. Tudo isto está do lado da procura.

Nosso Império ou Reino de Cristo?
O lado da oferta do mesmo problema é a tentação que os líderes experimentam de criar impérios pessoais ou empresariais. O Império pode ser a organização ou a parte de uma organização que alguém dirige, ou o Império pode ser literalmente um culto à personalidade que um líder cria e fomenta. Apesar deste problema da edificação do Império ocorrer em qualquer área da atividade humana, ele parece particularmente grotesco quando reconhecemos nossos trabalhos imperiais feito em nome do Reino de Cristo.
Mas como poderíamos não perverter o chamado do Reino de Cristo? Nós pecamos. Nossos corações são fábricas de ídolos (Calvino, Institutas, 1.11.8). Pervertemos tudo que tocamos, assim como não tornar, pelo menos em parte, o Reino de Cristo em um Império pessoal? Se o nosso chamado é para glorificar a Deus através da construção de seu Reino, os meios de obedecer a esse apelo podem se tornar, involuntariamente, os meios de desobediência.

Usando os dons de Deus para construção do Império
Como Pastor Mark Driscoll ensinou em sua mensagem na conferência Advance 09, a essência da idolatria é a seguinte: pegue um coisa boa, transforme-a numa coisa definitiva, e obtenha uma coisa ruim. Nossos diversos objetivos específicos dentro do chamado para a construção do Reino são coisas boas que exigem todos os tipos de ações específicas para cumpri-los. Nosso talento especial? A distorção destas boas ações, usando os meios destinados ao Reino para a construção do Império.

Arrependa-se, Creia, Obedeça
Passei muito tempo tentando construir um império, o Docent, em nome do Reino de Deus. Minhas falhas a este respeito provam que não é preciso ter uma reputação ou liderar uma grande organização. Tudo o que é necessário é um coração que anseia por encontrar significado em qualquer lugar menos em Jesus. Então, me arrependo, creio no evangelho, e procuro, pelo poder do Espírito, seguir a Cristo de novo na edificação do Reino. Repetidamente sigo este ritmo triplo do evangelho de se arrepender, crer e obedecer.

Com o reconhecimento renovado do Evangelho, sabendo que Jesus já redimiu o seu pecado de construção de impérios, e já o fez justo – sabendo que você não está sob condenação – você faria esta pergunta a si mesmo? Melhor ainda, peça ao seu cônjuge, seus amigos, seus colegas que lhe façam a seguinte pergunta:

Você está fazendo o que você está fazendo para o seu Império ou para o Reino de Deus?

19 março 2010

Transformando ações cotidianas em rituais espirituais

Por Donald Miller 
Donald Miller's Blog

Não acredito que exista um poder especial ou mágico na comunhão ou na frequência à igreja, mas acredito que a comunhão é um meio de interagir com Deus (assim como partilhar uma refeição é um meio de interagir com os amigos) e que há poder no aspecto meditativo do ato. Ou seja, que há poder na interação, o poder de ser influenciado pela pessoa (ou divindade) com a qual estamos gastando tempo. Mas isto é diferente de acreditar em mágica. Acho que o batismo tem poder simbólico, e é uma profissão de fé, mas ao contrário de muitas denominações (posso estar errado) não acredito que há um poder específico no ato de ser batizado para resgatar uma pessoa. Mas estes são rituais tremendos. Estes rituais nos ligam a uma realidade maior, e nos guiam através da vida como pontos em um mapa

Dito isto, estou aberto para outros tipos de rituais, rituais mais pessoais, autênticos e verdadeiros de quem somos e daquilo que Deus nos tem feito. Eu amo a idéia de criar rituais para nós e nossos familiares.

A maioria dos meus amigos diriam que eu não sou uma pessoa apegada à rituais. Mas não acredito que isso seja verdade. Meus rituais apenas são muito diferentes, e podem até parecer atos comuns do dia-a-dia. Mas esses rituais são também espirituais para mim, e fazem parte da minha fé. Quero compartilhá-los com você, esperando que você possa identificar alguns rituais em sua própria vida e chamá-los pelo que eles são: rituais. Mas também espero que nós possamos pegar alguns destes rituais e moldá-los para se tornarem construtores de fé, oportunidades de crescer para mais perto de Deus. Aqui estão alguns dos meus rituais:

1. Quase todas as manhãs eu arrumo a minha cama depois que me levanto: faço isso porque dá ao dia um sentimento de organização e de início, mas é também um ritual. Me certifico de que não há nada no chão do meu quarto, e que todas as roupas estão dobradas. Embora possa parecer bobagem, tenho sido capaz de transformar esse ritual em uma maneira de honrar a Deus. Bill Hybels diz que a excelência honra a Deus. Fazer a minha cama é para mim, como um adulto, uma maneira de homenagear meu pai como o guardião e o provedor da minha casa. Não é uma coisa certa ou errada, apenas um ritual que eu mantenho. E é uma ótima maneira de começar o dia.

2. Eu levo meu cachorro para passear. Se está sol, vamos para uma longa caminhada, cerca de uma hora e meia, e se não, um passeio curto pelas áreas pavimentadas no parque. O que é importante sobre esse ritual é que é um sacrifício. Eu amo meu trabalho, e eu normalmente sou muito ansioso para mergulhar nele. Mas em vez disso, eu ofereço os dias a Deus por cuidar de um animal, não fazendo nada nesta primeira hora. Em vez disso, eu saio com meu cão, oro e realmente desfruto da natureza. Tenho que me levantar muito cedo para fazer isso, mas normalmente termino antes das nove da manhã. Gary Haugen da IJM junta sua equipe e passa sua primeira hora em oração. Embora eles estejam lidando com questões extremamente importantes, Gary acredita que começar o dia dando uma hora para Deus o honra e mantém todos os envolvidos na obra de Deus. Acho que iniciar o dia em sacrifício, não nos atiramos para o que queremos, é um grande ritual. Eu não faço isso todo dia, mas eu diria que tenho sucesso em 4 dos 7 dias em uma semana típica. (a foto acima é de uma caminhada com a Lucy e alguns amigos ontem!)

3. Eu leio a Bíblia. Eu leio um capítulo por dia, e sublinho o que me impressiona. Cada vez que leio a Bíblia, eu começo com uma cópia em branco, pois muitas vezes tenho orgulho de todas as minhas anotações. Eu gosto da Bíblia em branco, e uma tradução diferente, porque a experiência parece fresca. Nesta leitura atual estou me forçando a ler um capítulo por vez. Eu sempre quero ler mais, mas não leio. Eu paro e prestro atenção ao que foi lido nesse pequeno trecho. Fico sempre espantado com a forma como o texto é rico e como um grupo de escritores pode controlar tal eficiência literária.

4. Eu faço uma lista de afazeres. Eu não faço isso quando eu viajo, mas na minha mesa eu faço uma lista de afazeres. Embora isto não pareça ser espiritual, é a minha maneira de tornar atraente o dia que Deus me deu, e de arar os campos de acordo com o sistema que ele me deu para obter comida. Este é definitivamente um ritual do trabalho, mas dedico a Deus por entender que o meu trabalho é uma parceria com Deus, uma parceria com os dons que Ele me deu. Minha lista de tarefas torna-se, então, um ritual espiritual.

Novamente, estas práticas não parecem muito ser espirituais, mas retiro delas um sentimento de segurança e de conexão com Deus. Eu gosto mais destas do que das práticas vodu que não estão realmente ligadas ao trabalho ou progresso significativo. Existem outros rituais que eu gostaria de acrescentar, mas eles são muito mais difíceis para mim. O descanso é um ritual difícil, e eu não tenho um sábado disciplinado. Eu sinto que minha caminhada diária é o meu descanso, mas realmente não é.

Que rituais você pratica todos os dias? Estes rituais têm um significado espiritual?

08 janeiro 2010

Ano Novo

 









Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Mário Quintana
Báu de Espantos - Ed. Globo

23 novembro 2009

As ensinanças da dúvida

Tive um chão (mas já faz tempo)
todo feito de certezas
tão duras como lajedos.

Agora (o tempo é que fez)
tenho um caminho de barro
umedecido de dúvidas.

Mas nele (devagar vou)
me cresce funda a certeza
de que vale a pena o amor

Thiago de Mello
Poemas preferidos pelo autor e seus leitores
Ed. Bertrand Brasil

20 novembro 2009

Um senso incomum de comunidade



etos [Do gr. éthos, ‘costume’, ‘uso’, ‘característica’.]
1. Modo de ser, temperamento ou disposição interior, de natureza emocional ou moral.
2. O espírito que anima uma coletividade, instituição, etc.
3. Sociol. Antrop. Aquilo que é característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos de um povo, grupo ou comunidade, e que marca suas realizações ou manifestações culturais.(© O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.)  

        Quando sentimos que nosso éthos está se deteriorando, começamos a sustentá-lo estabelcendo mais leis e mais regras. Essa tem sido a experiência da igreja. Na tentativa de manter as pessoas seguindo em uma mesma direção, a igreja passou a ser dependente demais das regras, dos manuais e das leis.
        Uma das coisas incomuns a respeito de crenças ou valores compartilhados por determinados grupos é que a lei ou regra não é necessária para manter as pessoas dentro de seus limites. Se você precisa obrigar alguém a fazer alguma coisa, então está diante de um verdadeiro problema.Se você precisa obrigar as pessoas a fazer as coisas, isso significa que elas não querem fazer. Isso pode funcionar bem com as crianças, mas é receita de fracassso quando aplicado sobre os adultos. Quando a igreja negligencia o desenvolvimento do éthos, o legalismo impera. Depois que o éthos desaparece, só sobram as leis. Isso nos leva a uma pergunta crítica: será que a igreja pode gerar e definir a cultura? Tenho certeza de que a resposta é "sim". Na verdade, este livro inteiro foi elaborado sob a convicção de que, mais do que qualquer outra coisa, é isso que a igreja precisa fazer.

Erwin McManus
Uma Força em Movimento

17 novembro 2009

Faça por merecer - A Teologia do Mérito

Uma profunda mensagem de Marcelo Quintela sobre o sacrifício de Cristo x Mérito Humano.
 


Assista: Parte 2 - Parte 3


10 novembro 2009

Faça o que os outros não esperam

Por Paulo Brabo  
da série EM SEIS PASSOS QUE FARIA JESUS

Jesus era universalmente conhecido por não fazer e por não dizer o que se esperava dele, e penso que essa imprevisibilidade era de fato a marca mais contundente da sua postura pública. O paradoxo, naturalmente, está em que esta sua característica em particular é a que os cristãos menos tem se preocupado em incorporar ao longo do tempo.

Há cristãos que seguem o Primeiro Passo e demonstram uma saudável intolerância contra os religiosos; um número incrivelmente menor segue Jesus em ser inesperado como ele foi. Não há catecismo ou Escola Dominical que nos ensine a sermos desbocados, independentes, provocadores e desarmantes como Jesus.

Pelo contrário, os que se afirmam e se crêem cristãos nos nossos dias levam a marca quase universal de vaquinhas de presépio: formatados, inofensivos, dóceis e obtusos. Tudo que aparentemente temos a oferecer são respostas prontas, gestos decorados e a mais careta e reacionária das posturas. Somos um bando açucarado de beatos e carolas: uma assembléia de bocós, e não os subversivos que nossa vocação exigiria de nós.

E não é como se Jesus não tivesse deixado claro que esperava a mesma postura indomável e independente dos seus seguidores; pois deixou. Ele convidou os discípulos, em palavras e incessante exemplo, a que fossem “inocentes como pombas e astutos como as serpentes”. Infelizmente, aconteceu de cristãos de todas as épocas acreditarem que as duas coisas são incompatíveis. Alguns de nós, tenho de reconhecer, são inocentes como pombas, embora prefiramos em geral ser obtusos como asnos e mesquinhos como sanguessugas. Astutos como serpentes, estou para ver.

Isso porque a postura de contradição que Jesus aparentemente exibia não era gratuita nem arbitrária. Ele não contradizia por contradizer; não era do contra como um adolescente. Sua implacabilidade tinha um fundamento e um método.

Mas exigia ser astuto como uma serpente, e em determinado momento ele passou a exigir o mesmo dos seus discípulos. Não basta que a sua integridade exceda a dos fariseus, ele foi deixando claro; vocês tem também de ser mais espertos do que eles. Para ser imprevisível é preciso ser esperto; para enxergar a armadilha sendo montada é preciso tarimba; para evitá-la é preciso jogo de cintura; para desarmar o seu adversário pulicamente, sarcasmo e bom humor; para desmascarar o seu adversário diante dele mesmo, uma compassiva mas implacável inteligência verbal.
Basta ao discípulo ser como o mestre.
Fonte: A Bacia das Almas

26 outubro 2009

Temor x Amor

Por Karl Kepler

Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! (Rm 8.15)

Uma característica muito comum enraizada nos crentes que vêm à terapia é uma espécie de "medo de Deus". Todos sabem repetir o refrão de que "Deus nos ama", mas o medo transparece claramente em atitudes como: a preocupação com saber o que é certo e o que é errado, o medo de "perder a salvação", o medo de não ser arrebatado se Jesus voltar de repente, o sentimento de culpa - de insuficiência perante Deus - reforçado domingo após domingo na grande maioria dos sermões, as dúvidas atrozes sobre os imperdoáveis "pecado para a morte" e a "blasfêmia contra o Espírito", e a grande importância que se dá em "descobrir qual é a vontade de Deus".
Na verdade, parece que nossa fé é mais ou menos assim: Deus nos aceitou como somos e perdoou todos os pecados do nosso passado, até o dia em que "aceitamos a Cristo". Daí para a frente, temos de tomar cuidado com a nossa vida, como se fôssemos equilibristas sobre a corda bamba, onde qualquer escorregão será o fim (ou pelo menos um estrago muito grande).
Esse medo de pecar, que traz embutido um medo de Deus é exatamente o contrário do que Jesus queria quando disse: "deixo-vos a paz, a minha paz vos dou". Há vários outros textos absolutamente claros a esse respeito, mas este citado no cabeçalho utiliza uma figura muito forte e clara: o medo é atitude de escravo (aliás, para o escravo era bom mesmo ter medo de seu senhor, posto que sua vida dependia de não desagradá-lo). Deus está deixando claro que, diferentemente do Velho Testamento - onde seu povo não tinha o Espírito Santo, mas apenas uma lista de Leis cuja obediência trazia bênção e a desobediência, maldição - agora não somos mais servos, mas fomos adotados como filhos. E pai (e mãe) nenhum quer que seus filhos tenham medo dele; queremos que nossos filhos nos amem, e se sintam seguros de nosso amor. Pois Deus da mesma forma: o Espírito Santo enviado para nossos corações busca desenvolver essa convicção interna de "pertencimento", de filiação, que nos faz gritar: Papai! paiêêê!, painho!, mesmo quando fizemos alguma coisa errada. Sabemos que não seremos mortos, nem expulsos da família; no máximo, repreendidos e abraçados.
Aí sim dá para viver em paz, a paz dos justificados exclusivamente pela graça, por meio da fé, por dom de Deus Pai. Aí aquela obediência que nossos zelosos líderes tanto querem passa a existir, como fruto de amor e não de medo; e o amor vai crescendo e "lançando fora todo o medo"(IJo 4). Não é para menos que a Bíblia diz que é "a quem dá com alegria que Deus ama".

23 outubro 2009

Auto-crítica

Por: Karl Kepler

Ao invés da liberdade e tranqüilidade de Jesus, de poder freqüentar tanto fariseus quanto publicanos, temos ficado mais “presos” – freqüentando, no máximo, os “fariseus”.
Por quê? Provavelmente, por termos medo de errar. Parece que, apesar de confessarmos nossa fé, não acreditamos que o problema do pecado esteja realmente resolvido, que a obra de Cristo de fato consumou tudo o que era necessário para nossa glorificação e ida ao céu. Criamos uma divisão entre “salvação” e “santificação”; enquanto a primeira continua sendo pela fé, tal como pregamos nos sermões evangelísticos, a segunda, dizemos, só se conseguiria com muito compromisso, seriedade, empenho, combate, enfim, “obras”, tal como pregamos em nossos sermões doutrinários.
Assim como na Galácia de Paulo, parece que começamos pelo Espírito, pela fé e na liberdade de Cristo, mas queremos acabar no esforço, no comportamento controlado segundo padrões, princípios e leis, ou seja, “confiando na carne”. O resultado é que não crescemos espiritualmente: nossas igrejas são imensos berçários, boas para bebês de todas as idades, mas que não sabem lidar com jovens e adultos.
Temos medo de pecar, medo de sermos castigados, de perdermos a bênção. Por isso, agimos como o terceiro servo da parábola dos talentos.
Se tenho medo de errar, não vou me arriscar na luta política e social; não vou me meter a discutir economia – as chances de errar são grandes. Não vou entrar em temas polêmicos, não vou buscar ajudar os oprimidos, sejam crianças, sejam menores infratores, sejam mulheres, negros, homossexuais, indígenas – todos esses grupos estão cheios de exemplos de má conduta, e eu não quero correr esse risco. O que sobra? Quase só achar erros nos outros. De ação afirmativa, talvez Ecologia, especialmente plantas, já que elas não fazem mal a ninguém; aborto, já que fetos não pecam; e alguma caridade aos pobres, desde que não envolva participar de nenhum movimento de reivindicação.
Falta-nos a segurança da fé, a paz de Jesus; a certeza de que podemos também errar, que não será o fim do mundo, porque foi exatamente por nossos erros que Jesus morreu.
Na linguagem de Rm 8.15, falta-nos o amor de filhos: em vez dele, continuamos com o temor de servos. Nossas almas não se erguem para clamar “Aba, Pai”; em vez disso, elas se curvam e dizem: “Sim, Senhor, sim Senhor”.
Como resultado, nos sentimos o tempo todo como servos, não como livres. Um servo precisa esforçar-se o tempo todo para tentar não errar. O filho, que é livre, pode dedicar-se a tentar acertar. Parece semelhante, mas na verdade é muito diferente: o coração do servo está sempre preocupado; o coração do filho está em paz.

Dever de Servo

A vida dos nossos crentes está quase totalmente orientada pelo dever: o crente deve ir à igreja, deve dar o dízimo, deve evangelizar, deve ler a Bíblia, deve jejuar, orar, ofertar, etc. e etc. A pergunta que o crente mais faz é “qual a vontade de Deus?” ou sua equivalente: “o que eu devo fazer?”. Pois essa pergunta foi feita a Jesus, quando os judeus estavam começando a reconhecer sua importância, após a multiplicação dos pães: “O que Deus quer que a gente faça? Jesus respondeu: Ele quer que vocês creiam naquele que ele enviou!” (Jo. 6.28,29). Mais adiante, aos discípulos, ele resumiu sua vontade em um mandamento só: amar uns aos outros como Ele nos amou.
Ora, amar não se faz por dever – não se consegue; você consegue obedecer por dever, servir por dever, mas amar, não. Só pessoas livres podem amar; por isso Jesus disse aos mesmos discípulos: “já não vos chamo servos, mas vos chamo amigos” (Jo. 15.15). E liberdade, pelo que parece, nos falta.
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Para ler mais, baixe o e-book “Neuroses Eclesiásticas e o Caminho Saudável do Evangelho”, do autor, em www.cppc.org.br
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16 outubro 2009

A maldição da culpa

Por John Piper

Em 26 anos de pastorado, o mais perto que eu havia chegado de ser demitido da Igreja Batista Bethlehem foi em meados da década de 1980, depois de escrever um artigo intitulado Missões e masturbação para nosso boletim. Eu o escrevi ao voltar de uma conferência sobre missões presidida por George Verwer, presidente da Operação Mobilização. No evento ele disse como seu coração pesava pelo imenso número de jovens que sonhavam em obedecer completamente a Jesus, mas que acabavam se perdendo na inutilidade da prosperidade americana. A sensação constante de culpa e indignidade por causa de erros sexuais dava lugar, pouco a pouco, à falta de poder espiritual e ao beco sem saída da segurança e conforto da classe média.

Em outras palavras, o que George Verwer considerava trágico – e eu também considero – é que tantos jovens abandonem a causa da missão de Cristo porque ninguém lhes ensinou como lidar com a culpa que se segue ao pecado sexual. O problema vai além de não cair; a questão é como lidar com a queda para que ela não leve toda uma vida para o desperdício da mediocridade. A grande tragédia não são práticas como a masturbação ou a fornicação, e nem a pornografia. A tragédia é que Satanás usa a culpa decorrente desses pecados para extirpar todo sonho radical que a pessoa teve ou poderia vir a ter. Em vez disso, o diabo oferece uma vida feliz, certa e segura, com prazeres superficiais, até que a pessoa morra em sua cadeira de balanço, em um chalé à beira de um lago.

Hoje de manhã mesmo, Satanás pegou seu encontro das duas da manhã – seja na televisão ou na cama – e lhe disse: “Viu? Você é um derrotado. O melhor é nem adorar a Deus. Você jamais conseguirá fazer um compromisso sério para entregar sua vida a Jesus Cristo! É melhor arrumar um bom emprego, comprar uma televisão de tela plana bem grande e assistir o máximo de filmes pornográficos que agüentar”. Portanto, é preciso tirar essa arma da mão dele. Sim, claro que quero que você tenha a coragem maravilhosa de parar de percorrer os canais de televisão. Porém, mais cedo ou mais tarde, seja nesse pecado ou em outro, você vai cair. Quero ajudá-lo a lidar com a culpa e o fracasso, para que Satanás não os use para produzir mais uma vida desperdiçada.

Cristo realizou uma obra na história, antes de existirmos, que conquistou e garantiu nosso resgate e a transformação de todos que confiarem nele. A característica distintiva e crucial da salvação cristã é que seu autor, Jesus, a realizou por completo fora de nós, sem nossa ajuda. Quando colocamos nele a fé, nada acrescentamos à suficiência do que fez ao cobrir nossos pecados e alcançar a justiça que é considerada nossa. Os versículos bíblicos que apontam isso com mais clareza estão na epístola de Paulo aos Colossenses 2.13-14: “Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões e cancelou o escrito de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz”.

É preciso pensar bem nisso para entender plenamente a mais gloriosa de todas as verdades: Deus pegou o registro de todos os seus pecados – todos os erros de natureza sexual – que deixavam você exposto à ira. Em vez de esfregar o registro em seu rosto e usá-lo como prova para mandar você para o inferno, Deus o colocou na mão de Seu filho e pregou na Cruz. E quem são aqueles cujos pecados foram punidos na cruz? Todos que desistem de tentar salvar a si mesmos e confiam apenas em Cristo. E quem assumiu essa punição? Jesus. Essa substituição foi a chave para a nossa salvação.

Alguma vez você já parou para pensar no que significa Colossenses 2.15? Logo depois de afirmar que Deus pregou na cruz o registro de nossa dívida, Paulo escreve que o Senhor, “tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz”. Ele se refere ao diabo e seus exércitos de demônios. Mas como são desarmados? Como são derrotados? Eles possuem muitas armas, mas perdem a única que pode nos condenar – a arma do pecado não perdoado. Deus pregou nossas culpas na cruz. Logo, houve punição por elas – então, seus efeitos acabaram! O problema é que muitos percebem tão pouco da beleza de Cristo na salvação que o Evangelho lhes parece apenas uma licença para pecar. Se tudo que você enxerga na cruz de Jesus é um salvo-conduto para continuar pecando, então você não possui a fé que salva. Precisa se prostrar e implorar a Deus para abrir seus olhos para ver a atraente glória de Jesus Cristo.

Culpa corajosa – A fé que salva recebe Jesus como Salvador e Senhor e faz dele o maior tesouro da vida. Essa fé lutará contra qualquer coisa que se coloque entre o indivíduo salvo e Cristo. Sua marca característica não é a perfeição, nem a ausência de pecados. Quem enxerga na cruz uma licença para continuar pecando não possui a fé que salva. A marca da fé é a luta contra o pecado. A justificação se relaciona estreitamente com a obra de Deus pregando nossos pecados na cruz. Justificação é o ato pelo qual o Senhor nos declara não apenas perdoados por causa da obra de Cristo, mas também justos mediante ela. Cristo levou nosso castigo e realiza nossa retidão. Quando o recebemos como Salvador e Senhor, todo o castigo que ele sofreu, e toda sua retidão, são computados como nossos. E essa justificação vence o pecado.

Possuímos uma arma poderosa para combater o diabo quando sabemos que o castigo por nossas transgressões foi integralmente cumprido em Cristo. Devemos nos apegar com força a essa verdade, usando-a quando o inimigo nos acusar pelas nossas faltas. O texto de Miquéias 7.8-9 apresenta o que devemos lhe dizer quando ele zombar de nossa aparente derrota: “Não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei (…) Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa e execute o meu direito”. É uma espécie de “culpa corajosa” – o crente admite que errou e que Deus está tratando seriamente com ele. Mas, mesmo em disciplina, não se afasta da bendita verdade de que tem o Senhor ao seu lado!

Há vitória na manhã seguinte ao fracasso! Precisamos aprender a responder ao diabo ou a qualquer um que nos diga que o Senhor não poderá nos usar porque pecamos. “Ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei”, frisou o profeta. “Embora eu esteja morando nas trevas, o Senhor será a minha luz.” Sim, podemos estar nas trevas da iniqüidade; podemos sentir culpa, porque somos, realmente, culpados pelo nosso pecado. Mas isso não é toda a verdade sobre o nosso Deus. O mesmo Deus que faz nossa escuridão é a luz que nos apóia em meio às trevas. O Senhor não nos abandonará; antes, defenderá a nossa causa.

Quando aprendermos a lidar com a culpa oriunda de nossos erros com esse tipo de ousadia em quebrantamento, fundamentados na justificação pela fé e na expiação substitutiva que Cristo promoveu por nós, seremos não apenas mais resistentes ao diabo como cometeremos menos falhas contra o Senhor. E, acima de tudo, Satanás não será capaz de destruir nosso sonho de viver uma vida em obediência radical a Jesus e de serviço à sua obra.

John Piper é escritor e pastor da Bethlehem
Baptist Church, em Minneapolis (EUA)

Fonte: Cristianismo Hoje

07 agosto 2009

Como ler a Bíblia

Ray Ortlund

Há duas maneiras de ler a Bíblia. Nós podemos lê-la como lei e ameaça, ou podemos lê-la como promessa e garantia.

Se nós lemos a Bíblia como lei, cada página dará a sensação de que Deus está nos olhando furiosamente: “Se alguma vez você...” E visto que somos todos transgressores no coração, a Bíblia irá nos esmagar. Mesmo as promessas virão como lei: “Deus abençoará os pecadores - bem, aqueles que merecem.”

Se nós lemos a Bíblia como promessa, cada página será esperança em Deus. Soprará vida nova dentro de nós. Mesmo as ordens serão adoçadas com graça: “Deus abençoará os pecadores - sim, os pecadores que quebram estas leis.”

Que maneira de leitura da Bíblia está correta?

O apóstolo Paul explica: “Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa. (Gl 3:17-18).

Aqui está o propósito de Paulo. Se quisermos saber se devemos ler a Bíblia através da lente da lei ou da promessa, podemos começar ler na página 1 e ver qual aparece primeiro. E de fato, a promessa vem primeiro – a aliança de Deus com Abraão em Gênesis 12. A lei é um complemento posterior, em Êxodo 20. A categoria “promessa” é a maior, uma moldura que envolve todo o restante.

A mensagem mais profunda da Bíblia é a graça de Deus para os pecadores. A Bíblia apresenta a si mesma desta maneira. As regras e ordenanças, exemplos e advertências, estão todos lá. Vamos honrá-los. Mas podemos lê-los com isto como nosso primeiro pensamento: “Jesus obedeceu a todos eles. Morreu pelo meu fracasso. E agora está mudando meu coração. Eu posso ler esta página da Bíblia com esperança em sua graça.”

Fonte: Blog "The Resurgence"

17 julho 2009

Ritos

Uma pessoa pode ir a igreja duas vezes por dia, participar da ceia do Senhor,orar em particular o maximo que puder, assistir a todos os cultos e ouvir muitos sermões, ler todos os livros que existem sobre Cristo. Mas ainda assim tem que nascer de novo.
John Wesley (1703 – 1791)
Fonte: Solomon

15 julho 2009

½ verdade + ½ verdade = 1 mentira


A mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer.
Mario Quintana



ou Abaixo o Chavão

Certamente você conhece uma frase genérica, uma fórmula clássica, ou um chavão do dia-a-dia de sua comunidade, ou dos tele-evangelista que inundam os canais de TV, não?
Mas o que é um chavão? É fácil identificar um. Chavão é o dito, a frase, a expressão ou idéia que já vimos escrita centenas de vezes. Ou que já cansamos de ouvir. Mas o que poucos percebem é que muitas destas expressões que aparentemente estão corretas, nunca são analisadas profundamente.
A cada semana iremos analisar um chavão. O objetivo destes posts será avaliar frases feitas e clichês que escutamos por aí que não são necessariamente verdadeiros nem encontram respaldo nas escrituras.

Segue o primeiro deles:

"Você pode ouvir a Palavra de Deus e pode estudar a Bíblia, mas somente quando o Espírito Santo vem e aviva uma passagem ou passagens da Escritura ao seu coração, queimando-as em sua alma e dando-lhe a conhecer como aplicá-las diretamente à sua situação específica é que Logos se transforma em Rhema."
David Yonggi Cho

Muitos pregadores fazem distinção entre os termos gregos ‘rhema’ e ‘logos’. Porém os termos são sinônimos. Esta diferenciação é uma das falácias da Confissão Positiva. O conceito de confissão positiva e negativa é falso; não se confirma na Bíblia ou na prática da vida cristã.
Quem introduziu essa diferença entre as palavras gregas foi Kenneth Hagin. Ele afirma que logos é a palavra de Deus escrita, a Bíblia e que rhema é a palavra falada por Deus em revelação ou inspiração a uma pessoa em qualquer época, de modo que o crente pode repetir com fé qualquer promessa bíblica, aplicando a sua necessidade pessoal, e exigir seu cumprimento.
Atribuir tanta autoridade assim às palavras de uma pessoa extrapola os limites bíblicos. Além disso, não é verdade que haja essa diferença entre logos e rhema. Deus é Senhor e soberano e nós os seus servos. O Senhor Jesus nos ensinou na chamada Oração do Pai Nosso: "Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu" (Mt 6.10). Essas duas palavras gregas são usadas alternadamente para indicar a Bíblia. A Septuaginta usou o termo 'rhena tou theou', "palavra de Deus", para designar a Bíblia em Isaías 40.8. A mesma expressão reaparece no Novo Testamento grego (1 Pedro 1.25). Isso encontramos também nos escritos paulinos (Efésios 6.17) e, no entanto, encontramos também 'logos tou theou' para designar a Bíblia em Marcos 7.13.
Russel Shedd afirmou que Pedro não fez distinção sobre estes termos em sua primeira carta, capítulo 1:23-25: "Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra (Logos) de Deus, viva que permanece para sempre. Porque toda a carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra (rhema) do Senhor permanece para sempre; e esta é a palavra (rhema) que entre vós foi evangelizada". Como podemos observar, na mente do apóstolo não havia distinção entre estas palavras. Sendo assim fica desfeita a pretensão daqueles que querem forçar uma interpretação e aplicação errônea destes termos.