23 novembro 2009

As ensinanças da dúvida

Tive um chão (mas já faz tempo)
todo feito de certezas
tão duras como lajedos.

Agora (o tempo é que fez)
tenho um caminho de barro
umedecido de dúvidas.

Mas nele (devagar vou)
me cresce funda a certeza
de que vale a pena o amor

Thiago de Mello
Poemas preferidos pelo autor e seus leitores
Ed. Bertrand Brasil

20 novembro 2009

Um senso incomum de comunidade



etos [Do gr. éthos, ‘costume’, ‘uso’, ‘característica’.]
1. Modo de ser, temperamento ou disposição interior, de natureza emocional ou moral.
2. O espírito que anima uma coletividade, instituição, etc.
3. Sociol. Antrop. Aquilo que é característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos de um povo, grupo ou comunidade, e que marca suas realizações ou manifestações culturais.(© O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.)  

        Quando sentimos que nosso éthos está se deteriorando, começamos a sustentá-lo estabelcendo mais leis e mais regras. Essa tem sido a experiência da igreja. Na tentativa de manter as pessoas seguindo em uma mesma direção, a igreja passou a ser dependente demais das regras, dos manuais e das leis.
        Uma das coisas incomuns a respeito de crenças ou valores compartilhados por determinados grupos é que a lei ou regra não é necessária para manter as pessoas dentro de seus limites. Se você precisa obrigar alguém a fazer alguma coisa, então está diante de um verdadeiro problema.Se você precisa obrigar as pessoas a fazer as coisas, isso significa que elas não querem fazer. Isso pode funcionar bem com as crianças, mas é receita de fracassso quando aplicado sobre os adultos. Quando a igreja negligencia o desenvolvimento do éthos, o legalismo impera. Depois que o éthos desaparece, só sobram as leis. Isso nos leva a uma pergunta crítica: será que a igreja pode gerar e definir a cultura? Tenho certeza de que a resposta é "sim". Na verdade, este livro inteiro foi elaborado sob a convicção de que, mais do que qualquer outra coisa, é isso que a igreja precisa fazer.

Erwin McManus
Uma Força em Movimento

17 novembro 2009

Faça por merecer - A Teologia do Mérito

Uma profunda mensagem de Marcelo Quintela sobre o sacrifício de Cristo x Mérito Humano.
 


Assista: Parte 2 - Parte 3


10 novembro 2009

Faça o que os outros não esperam

Por Paulo Brabo  
da série EM SEIS PASSOS QUE FARIA JESUS

Jesus era universalmente conhecido por não fazer e por não dizer o que se esperava dele, e penso que essa imprevisibilidade era de fato a marca mais contundente da sua postura pública. O paradoxo, naturalmente, está em que esta sua característica em particular é a que os cristãos menos tem se preocupado em incorporar ao longo do tempo.

Há cristãos que seguem o Primeiro Passo e demonstram uma saudável intolerância contra os religiosos; um número incrivelmente menor segue Jesus em ser inesperado como ele foi. Não há catecismo ou Escola Dominical que nos ensine a sermos desbocados, independentes, provocadores e desarmantes como Jesus.

Pelo contrário, os que se afirmam e se crêem cristãos nos nossos dias levam a marca quase universal de vaquinhas de presépio: formatados, inofensivos, dóceis e obtusos. Tudo que aparentemente temos a oferecer são respostas prontas, gestos decorados e a mais careta e reacionária das posturas. Somos um bando açucarado de beatos e carolas: uma assembléia de bocós, e não os subversivos que nossa vocação exigiria de nós.

E não é como se Jesus não tivesse deixado claro que esperava a mesma postura indomável e independente dos seus seguidores; pois deixou. Ele convidou os discípulos, em palavras e incessante exemplo, a que fossem “inocentes como pombas e astutos como as serpentes”. Infelizmente, aconteceu de cristãos de todas as épocas acreditarem que as duas coisas são incompatíveis. Alguns de nós, tenho de reconhecer, são inocentes como pombas, embora prefiramos em geral ser obtusos como asnos e mesquinhos como sanguessugas. Astutos como serpentes, estou para ver.

Isso porque a postura de contradição que Jesus aparentemente exibia não era gratuita nem arbitrária. Ele não contradizia por contradizer; não era do contra como um adolescente. Sua implacabilidade tinha um fundamento e um método.

Mas exigia ser astuto como uma serpente, e em determinado momento ele passou a exigir o mesmo dos seus discípulos. Não basta que a sua integridade exceda a dos fariseus, ele foi deixando claro; vocês tem também de ser mais espertos do que eles. Para ser imprevisível é preciso ser esperto; para enxergar a armadilha sendo montada é preciso tarimba; para evitá-la é preciso jogo de cintura; para desarmar o seu adversário pulicamente, sarcasmo e bom humor; para desmascarar o seu adversário diante dele mesmo, uma compassiva mas implacável inteligência verbal.
Basta ao discípulo ser como o mestre.
Fonte: A Bacia das Almas