Uma pessoa pode ir a igreja duas vezes por dia, participar da ceia do Senhor,orar em particular o maximo que puder, assistir a todos os cultos e ouvir muitos sermões, ler todos os livros que existem sobre Cristo. Mas ainda assim tem que nascer de novo.
17 julho 2009
Ritos
15 julho 2009
½ verdade + ½ verdade = 1 mentira
A mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer.
Mario Quintana
ou Abaixo o Chavão
Certamente você conhece uma frase genérica, uma fórmula clássica, ou um chavão do dia-a-dia de sua comunidade, ou dos tele-evangelista que inundam os canais de TV, não?
Mas o que é um chavão? É fácil identificar um. Chavão é o dito, a frase, a expressão ou idéia que já vimos escrita centenas de vezes. Ou que já cansamos de ouvir. Mas o que poucos percebem é que muitas destas expressões que aparentemente estão corretas, nunca são analisadas profundamente.
A cada semana iremos analisar um chavão. O objetivo destes posts será avaliar frases feitas e clichês que escutamos por aí que não são necessariamente verdadeiros nem encontram respaldo nas escrituras.
"Você pode ouvir a Palavra de Deus e pode estudar a Bíblia, mas somente quando o Espírito Santo vem e aviva uma passagem ou passagens da Escritura ao seu coração, queimando-as em sua alma e dando-lhe a conhecer como aplicá-las diretamente à sua situação específica é que Logos se transforma em Rhema."
Quem introduziu essa diferença entre as palavras gregas foi Kenneth Hagin. Ele afirma que logos é a palavra de Deus escrita, a Bíblia e que rhema é a palavra falada por Deus em revelação ou inspiração a uma pessoa em qualquer época, de modo que o crente pode repetir com fé qualquer promessa bíblica, aplicando a sua necessidade pessoal, e exigir seu cumprimento.
Atribuir tanta autoridade assim às palavras de uma pessoa extrapola os limites bíblicos. Além disso, não é verdade que haja essa diferença entre logos e rhema. Deus é Senhor e soberano e nós os seus servos. O Senhor Jesus nos ensinou na chamada Oração do Pai Nosso: "Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu" (Mt 6.10). Essas duas palavras gregas são usadas alternadamente para indicar a Bíblia. A Septuaginta usou o termo 'rhena tou theou', "palavra de Deus", para designar a Bíblia em Isaías 40.8. A mesma expressão reaparece no Novo Testamento grego (1 Pedro 1.25). Isso encontramos também nos escritos paulinos (Efésios 6.17) e, no entanto, encontramos também 'logos tou theou' para designar a Bíblia em Marcos 7.13.
Russel Shedd afirmou que Pedro não fez distinção sobre estes termos em sua primeira carta, capítulo 1:23-25: "Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra (Logos) de Deus, viva que permanece para sempre. Porque toda a carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra (rhema) do Senhor permanece para sempre; e esta é a palavra (rhema) que entre vós foi evangelizada". Como podemos observar, na mente do apóstolo não havia distinção entre estas palavras. Sendo assim fica desfeita a pretensão daqueles que querem forçar uma interpretação e aplicação errônea destes termos.
09 julho 2009
A Arte da Frustração
Paulo escreveu aos filipenses: "Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a estar contente com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece".
Contente é a palavra chave. Em grego autarkeia. Um termo não religioso, ou seja, "secular". Na literatura antiga costumava ser utilizado pelos estóicos - com os quais Paulo estava familiarizado. O Estoicismo, cujo fundador foi Zenão de Cício (Chipre), filósofo grego, que aconselha a indiferença e o desprezo pelos males físicos e morais. Autarkeia significa auto-suficiência, competência, domínio próprio. O lêxico grego define como: "o estado de alguém se sustentar sem o auxílio de outros". Esta era uma das características prediletas dos estóicos.
SE(Baseado no cap.6 do livro "Dito e (ás vezes) feito" de Richards Bewes, Ed. Vida)
Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
01 julho 2009
A ciência torna obsoleta a crença em Deus? (2)
A única mulher a responder à Big Question da Fundação John Templeton é um exemplo de que nunca é tarde para correr atrás daquilo que se quer: filósofa, ela só publicou seu primeiro livro quando já era quase sexagenária, e comprou briga com ninguém menos que Richard Dawkins, um ícone do ateísmo militante!
Mary Midgley: É claro que não
Midgley não se define como uma pessoa religiosa: para ela, muitas das doutrinas cristãs simplesmente não têm como entrar na cabeça de alguém culto. Ainda assim, ela discorda das visões de mundo que reduzem a religião a um punhado de cerimônias e tentativas de meter medo nos fiéis. E é justamente sobre visões de mundo que a filósofa se debruça em seu texto para a Templeton.
Visão de mundo, para Midgley, é um conjunto de afirmações essenciais que nós nem sempre percebemos conscientemente, mas que usamos o tempo todo para resolver nossos conflitos internos. A crença ou descrença em Deus é uma dessas afirmações que fazem parte da visão de mundo de cada um. Não é uma opinião científica, mas até aí muitas outras afirmações que compõem nossa visão de mundo também não são, e ela dá exemplos: que outras pessoas são seres pensantes, e não robôs; que elas têm pensamentos e sentimentos parecidos com os nossos; que a maior parte do que elas dizem é verdade; que a natureza como um todo continuará se comportando da mesma forma com que tem se comportado até agora. Muito disso envolve fé (não no sentido religioso da palavra). "Nós confiamos no mundo à nossa volta, e em sua relação conosco. Essa crença – essa fé – não é irracional. É, de fato, o fundamento da nossa racionalidade. Se começássemos a duvidar da veracidade ou da consciência alheia, ou da regularidade da natureza, não perderíamos apenas a ciência, mas também a sanidade", argumenta.
E, assim, Midgley chega à sua versão do suposto antagonismo entre ciência e religião: um choque entre visões de mundo, especialmente a baseada no cientificismo, que vem ganhando adeptos no Ocidente.
As visões de mundo religiosas podem se diferenciar em vários aspectos, mas se unem ao colocar o ser humano dentro de um contexto maior. O cientificismo busca, diz Midgley, procurar o sentido da vida na própria ciência. "É essa reivindicação do monopólio do significado, mais que alguma doutrina científica em particular, que faz ciência e religião parecerem adversários atualmente", afirma.
A seguir, Midgley faz uma descrição de como a visão de mundo científica foi se alterando com o tempo, inclusive graças a "profetas" como Comte, Marx e Freud, até Karl Popper sacudir a Filosofia da Ciência com suas teorias. Para o mundo físico continuava tudo bem, mas não para a Psicologia, até que o Behaviorismo tentou dar uma resposta, que Midgley rejeita.
Para os behavioristas, diz a filósofa, a Psicologia deve lidar apenas com o comportamento exterior observável, deixando de lado a questão da consciência. O problema, para Midgley, é que isso acabaria com algumas daquelas idéias que ela considera básicas: que os outros, "por dentro", são como nós. A conseqüência seria a confusão generalizada devido à impossibilidade de comunicação entre as pessoas.
Diz Midgley que, embora o behaviorismo tenha perdido espaço a ponto de se poder voltar a falar em consciência hoje, algumas teses continuam populares (e aqui ela aproveita para dar outra alfinetada em Dawkins). Para a filósofa, "continuamos inclinados a achar que qualquer discussão que não seja sobre verdades literais a respeito do mundo físico é anti-científica".
Qual a conclusão de Midgley? Parece ser muito coerente com a comparação feita por ela uma vez, segundo a qual a Filosofia é como o encanamento: você só presta atenção
quando algo começa a dar errado – os filósofos percebem as crises e sugerem meios de lidar com elas. Nesse sentido, ela sugere que usemos essa crise em específico (o aparente embate entre ciência e religião) para, se for o caso, refazer nossas visões de mundo para que elas tenham sentido.
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O verbete sobre Mary Midgley na Wikipedia está repleto de links para artigos de sua autoria, perfis publicados na imprensa, um resumo do quebra-pau com Richard Dawkins e resenhas de suas obras.