Donald Miller's Blog
19 março 2010
Transformando ações cotidianas em rituais espirituais
Donald Miller's Blog
08 janeiro 2010
Ano Novo

Esperança
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mário Quintana
Báu de Espantos - Ed. Globo
23 novembro 2009
As ensinanças da dúvida
todo feito de certezas
tão duras como lajedos.
Agora (o tempo é que fez)
tenho um caminho de barro
umedecido de dúvidas.
Mas nele (devagar vou)
me cresce funda a certeza
de que vale a pena o amor
20 novembro 2009
Um senso incomum de comunidade
etos [Do gr. éthos, ‘costume’, ‘uso’, ‘característica’.]
1. Modo de ser, temperamento ou disposição interior, de natureza emocional ou moral.
2. O espírito que anima uma coletividade, instituição, etc.
3. Sociol. Antrop. Aquilo que é característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos de um povo, grupo ou comunidade, e que marca suas realizações ou manifestações culturais.(© O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.)
17 novembro 2009
Faça por merecer - A Teologia do Mérito
10 novembro 2009
Faça o que os outros não esperam

da série EM SEIS PASSOS QUE FARIA JESUS
Basta ao discípulo ser como o mestre.
Fonte: A Bacia das Almas
26 outubro 2009
Temor x Amor

Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! (Rm 8.15)
Na verdade, parece que nossa fé é mais ou menos assim: Deus nos aceitou como somos e perdoou todos os pecados do nosso passado, até o dia em que "aceitamos a Cristo". Daí para a frente, temos de tomar cuidado com a nossa vida, como se fôssemos equilibristas sobre a corda bamba, onde qualquer escorregão será o fim (ou pelo menos um estrago muito grande).
Esse medo de pecar, que traz embutido um medo de Deus é exatamente o contrário do que Jesus queria quando disse: "deixo-vos a paz, a minha paz vos dou". Há vários outros textos absolutamente claros a esse respeito, mas este citado no cabeçalho utiliza uma figura muito forte e clara: o medo é atitude de escravo (aliás, para o escravo era bom mesmo ter medo de seu senhor, posto que sua vida dependia de não desagradá-lo). Deus está deixando claro que, diferentemente do Velho Testamento - onde seu povo não tinha o Espírito Santo, mas apenas uma lista de Leis cuja obediência trazia bênção e a desobediência, maldição - agora não somos mais servos, mas fomos adotados como filhos. E pai (e mãe) nenhum quer que seus filhos tenham medo dele; queremos que nossos filhos nos amem, e se sintam seguros de nosso amor. Pois Deus da mesma forma: o Espírito Santo enviado para nossos corações busca desenvolver essa convicção interna de "pertencimento", de filiação, que nos faz gritar: Papai! paiêêê!, painho!, mesmo quando fizemos alguma coisa errada. Sabemos que não seremos mortos, nem expulsos da família; no máximo, repreendidos e abraçados.
Aí sim dá para viver em paz, a paz dos justificados exclusivamente pela graça, por meio da fé, por dom de Deus Pai. Aí aquela obediência que nossos zelosos líderes tanto querem passa a existir, como fruto de amor e não de medo; e o amor vai crescendo e "lançando fora todo o medo"(IJo 4). Não é para menos que a Bíblia diz que é "a quem dá com alegria que Deus ama".
23 outubro 2009
Auto-crítica
Ao invés da liberdade e tranqüilidade de Jesus, de poder freqüentar tanto fariseus quanto publicanos, temos ficado mais “presos” – freqüentando, no máximo, os “fariseus”.
Por quê? Provavelmente, por termos medo de errar. Parece que, apesar de confessarmos nossa fé, não acreditamos que o problema do pecado esteja realmente resolvido, que a obra de Cristo de fato consumou tudo o que era necessário para nossa glorificação e ida ao céu. Criamos uma divisão entre “salvação” e “santificação”; enquanto a primeira continua sendo pela fé, tal como pregamos nos sermões evangelísticos, a segunda, dizemos, só se conseguiria com muito compromisso, seriedade, empenho, combate, enfim, “obras”, tal como pregamos em nossos sermões doutrinários.
Assim como na Galácia de Paulo, parece que começamos pelo Espírito, pela fé e na liberdade de Cristo, mas queremos acabar no esforço, no comportamento controlado segundo padrões, princípios e leis, ou seja, “confiando na carne”. O resultado é que não crescemos espiritualmente: nossas igrejas são imensos berçários, boas para bebês de todas as idades, mas que não sabem lidar com jovens e adultos.
Temos medo de pecar, medo de sermos castigados, de perdermos a bênção. Por isso, agimos como o terceiro servo da parábola dos talentos.
Se tenho medo de errar, não vou me arriscar na luta política e social; não vou me meter a discutir economia – as chances de errar são grandes. Não vou entrar em temas polêmicos, não vou buscar ajudar os oprimidos, sejam crianças, sejam menores infratores, sejam mulheres, negros, homossexuais, indígenas – todos esses grupos estão cheios de exemplos de má conduta, e eu não quero correr esse risco. O que sobra? Quase só achar erros nos outros. De ação afirmativa, talvez Ecologia, especialmente plantas, já que elas não fazem mal a ninguém; aborto, já que fetos não pecam; e alguma caridade aos pobres, desde que não envolva participar de nenhum movimento de reivindicação.
Falta-nos a segurança da fé, a paz de Jesus; a certeza de que podemos também errar, que não será o fim do mundo, porque foi exatamente por nossos erros que Jesus morreu.
Na linguagem de Rm 8.15, falta-nos o amor de filhos: em vez dele, continuamos com o temor de servos. Nossas almas não se erguem para clamar “Aba, Pai”; em vez disso, elas se curvam e dizem: “Sim, Senhor, sim Senhor”.
Como resultado, nos sentimos o tempo todo como servos, não como livres. Um servo precisa esforçar-se o tempo todo para tentar não errar. O filho, que é livre, pode dedicar-se a tentar acertar. Parece semelhante, mas na verdade é muito diferente: o coração do servo está sempre preocupado; o coração do filho está em paz.
Dever de Servo
A vida dos nossos crentes está quase totalmente orientada pelo dever: o crente deve ir à igreja, deve dar o dízimo, deve evangelizar, deve ler a Bíblia, deve jejuar, orar, ofertar, etc. e etc. A pergunta que o crente mais faz é “qual a vontade de Deus?” ou sua equivalente: “o que eu devo fazer?”. Pois essa pergunta foi feita a Jesus, quando os judeus estavam começando a reconhecer sua importância, após a multiplicação dos pães: “O que Deus quer que a gente faça? Jesus respondeu: Ele quer que vocês creiam naquele que ele enviou!” (Jo. 6.28,29). Mais adiante, aos discípulos, ele resumiu sua vontade em um mandamento só: amar uns aos outros como Ele nos amou.
Ora, amar não se faz por dever – não se consegue; você consegue obedecer por dever, servir por dever, mas amar, não. Só pessoas livres podem amar; por isso Jesus disse aos mesmos discípulos: “já não vos chamo servos, mas vos chamo amigos” (Jo. 15.15). E liberdade, pelo que parece, nos falta.
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Para ler mais, baixe o e-book “Neuroses Eclesiásticas e o Caminho Saudável do Evangelho”, do autor, em www.cppc.org.br
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16 outubro 2009
A maldição da culpa

Em 26 anos de pastorado, o mais perto que eu havia chegado de ser demitido da Igreja Batista Bethlehem foi em meados da década de 1980, depois de escrever um artigo intitulado Missões e masturbação para nosso boletim. Eu o escrevi ao voltar de uma conferência sobre missões presidida por George Verwer, presidente da Operação Mobilização. No evento ele disse como seu coração pesava pelo imenso número de jovens que sonhavam em obedecer completamente a Jesus, mas que acabavam se perdendo na inutilidade da prosperidade americana. A sensação constante de culpa e indignidade por causa de erros sexuais dava lugar, pouco a pouco, à falta de poder espiritual e ao beco sem saída da segurança e conforto da classe média.
Em outras palavras, o que George Verwer considerava trágico – e eu também considero – é que tantos jovens abandonem a causa da missão de Cristo porque ninguém lhes ensinou como lidar com a culpa que se segue ao pecado sexual. O problema vai além de não cair; a questão é como lidar com a queda para que ela não leve toda uma vida para o desperdício da mediocridade. A grande tragédia não são práticas como a masturbação ou a fornicação, e nem a pornografia. A tragédia é que Satanás usa a culpa decorrente desses pecados para extirpar todo sonho radical que a pessoa teve ou poderia vir a ter. Em vez disso, o diabo oferece uma vida feliz, certa e segura, com prazeres superficiais, até que a pessoa morra em sua cadeira de balanço, em um chalé à beira de um lago.
Hoje de manhã mesmo, Satanás pegou seu encontro das duas da manhã – seja na televisão ou na cama – e lhe disse: “Viu? Você é um derrotado. O melhor é nem adorar a Deus. Você jamais conseguirá fazer um compromisso sério para entregar sua vida a Jesus Cristo! É melhor arrumar um bom emprego, comprar uma televisão de tela plana bem grande e assistir o máximo de filmes pornográficos que agüentar”. Portanto, é preciso tirar essa arma da mão dele. Sim, claro que quero que você tenha a coragem maravilhosa de parar de percorrer os canais de televisão. Porém, mais cedo ou mais tarde, seja nesse pecado ou em outro, você vai cair. Quero ajudá-lo a lidar com a culpa e o fracasso, para que Satanás não os use para produzir mais uma vida desperdiçada.
Cristo realizou uma obra na história, antes de existirmos, que conquistou e garantiu nosso resgate e a transformação de todos que confiarem nele. A característica distintiva e crucial da salvação cristã é que seu autor, Jesus, a realizou por completo fora de nós, sem nossa ajuda. Quando colocamos nele a fé, nada acrescentamos à suficiência do que fez ao cobrir nossos pecados e alcançar a justiça que é considerada nossa. Os versículos bíblicos que apontam isso com mais clareza estão na epístola de Paulo aos Colossenses 2.13-14: “Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões e cancelou o escrito de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz”.
É preciso pensar bem nisso para entender plenamente a mais gloriosa de todas as verdades: Deus pegou o registro de todos os seus pecados – todos os erros de natureza sexual – que deixavam você exposto à ira. Em vez de esfregar o registro em seu rosto e usá-lo como prova para mandar você para o inferno, Deus o colocou na mão de Seu filho e pregou na Cruz. E quem são aqueles cujos pecados foram punidos na cruz? Todos que desistem de tentar salvar a si mesmos e confiam apenas em Cristo. E quem assumiu essa punição? Jesus. Essa substituição foi a chave para a nossa salvação.
Alguma vez você já parou para pensar no que significa Colossenses 2.15? Logo depois de afirmar que Deus pregou na cruz o registro de nossa dívida, Paulo escreve que o Senhor, “tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz”. Ele se refere ao diabo e seus exércitos de demônios. Mas como são desarmados? Como são derrotados? Eles possuem muitas armas, mas perdem a única que pode nos condenar – a arma do pecado não perdoado. Deus pregou nossas culpas na cruz. Logo, houve punição por elas – então, seus efeitos acabaram! O problema é que muitos percebem tão pouco da beleza de Cristo na salvação que o Evangelho lhes parece apenas uma licença para pecar. Se tudo que você enxerga na cruz de Jesus é um salvo-conduto para continuar pecando, então você não possui a fé que salva. Precisa se prostrar e implorar a Deus para abrir seus olhos para ver a atraente glória de Jesus Cristo.
Culpa corajosa – A fé que salva recebe Jesus como Salvador e Senhor e faz dele o maior tesouro da vida. Essa fé lutará contra qualquer coisa que se coloque entre o indivíduo salvo e Cristo. Sua marca característica não é a perfeição, nem a ausência de pecados. Quem enxerga na cruz uma licença para continuar pecando não possui a fé que salva. A marca da fé é a luta contra o pecado. A justificação se relaciona estreitamente com a obra de Deus pregando nossos pecados na cruz. Justificação é o ato pelo qual o Senhor nos declara não apenas perdoados por causa da obra de Cristo, mas também justos mediante ela. Cristo levou nosso castigo e realiza nossa retidão. Quando o recebemos como Salvador e Senhor, todo o castigo que ele sofreu, e toda sua retidão, são computados como nossos. E essa justificação vence o pecado.
Possuímos uma arma poderosa para combater o diabo quando sabemos que o castigo por nossas transgressões foi integralmente cumprido em Cristo. Devemos nos apegar com força a essa verdade, usando-a quando o inimigo nos acusar pelas nossas faltas. O texto de Miquéias 7.8-9 apresenta o que devemos lhe dizer quando ele zombar de nossa aparente derrota: “Não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei (…) Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa e execute o meu direito”. É uma espécie de “culpa corajosa” – o crente admite que errou e que Deus está tratando seriamente com ele. Mas, mesmo em disciplina, não se afasta da bendita verdade de que tem o Senhor ao seu lado!
Há vitória na manhã seguinte ao fracasso! Precisamos aprender a responder ao diabo ou a qualquer um que nos diga que o Senhor não poderá nos usar porque pecamos. “Ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei”, frisou o profeta. “Embora eu esteja morando nas trevas, o Senhor será a minha luz.” Sim, podemos estar nas trevas da iniqüidade; podemos sentir culpa, porque somos, realmente, culpados pelo nosso pecado. Mas isso não é toda a verdade sobre o nosso Deus. O mesmo Deus que faz nossa escuridão é a luz que nos apóia em meio às trevas. O Senhor não nos abandonará; antes, defenderá a nossa causa.
Quando aprendermos a lidar com a culpa oriunda de nossos erros com esse tipo de ousadia em quebrantamento, fundamentados na justificação pela fé e na expiação substitutiva que Cristo promoveu por nós, seremos não apenas mais resistentes ao diabo como cometeremos menos falhas contra o Senhor. E, acima de tudo, Satanás não será capaz de destruir nosso sonho de viver uma vida em obediência radical a Jesus e de serviço à sua obra.
John Piper é escritor e pastor da Bethlehem
Baptist Church, em Minneapolis (EUA)
Fonte: Cristianismo Hoje
01 setembro 2009
07 agosto 2009
Como ler a Bíblia
Há duas maneiras de ler a Bíblia. Nós podemos lê-la como lei e ameaça, ou podemos lê-la como promessa e garantia.
Se nós lemos a Bíblia como lei, cada página dará a sensação de que Deus está nos olhando furiosamente: “Se alguma vez você...” E visto que somos todos transgressores no coração, a Bíblia irá nos esmagar. Mesmo as promessas virão como lei: “Deus abençoará os pecadores - bem, aqueles que merecem.”
Se nós lemos a Bíblia como promessa, cada página será esperança em Deus. Soprará vida nova dentro de nós. Mesmo as ordens serão adoçadas com graça: “Deus abençoará os pecadores - sim, os pecadores que quebram estas leis.”
Que maneira de leitura da Bíblia está correta?
O apóstolo Paul explica: “Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa. (Gl 3:17-18).
Aqui está o propósito de Paulo. Se quisermos saber se devemos ler a Bíblia através da lente da lei ou da promessa, podemos começar ler na página 1 e ver qual aparece primeiro. E de fato, a promessa vem primeiro – a aliança de Deus com Abraão em Gênesis 12. A lei é um complemento posterior, em Êxodo 20. A categoria “promessa” é a maior, uma moldura que envolve todo o restante.
A mensagem mais profunda da Bíblia é a graça de Deus para os pecadores. A Bíblia apresenta a si mesma desta maneira. As regras e ordenanças, exemplos e advertências, estão todos lá. Vamos honrá-los. Mas podemos lê-los com isto como nosso primeiro pensamento: “Jesus obedeceu a todos eles. Morreu pelo meu fracasso. E agora está mudando meu coração. Eu posso ler esta página da Bíblia com esperança em sua graça.”
Fonte: Blog "The Resurgence"
17 julho 2009
15 julho 2009
½ verdade + ½ verdade = 1 mentira
A mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer.
Mario Quintana
ou Abaixo o Chavão
Certamente você conhece uma frase genérica, uma fórmula clássica, ou um chavão do dia-a-dia de sua comunidade, ou dos tele-evangelista que inundam os canais de TV, não?
Mas o que é um chavão? É fácil identificar um. Chavão é o dito, a frase, a expressão ou idéia que já vimos escrita centenas de vezes. Ou que já cansamos de ouvir. Mas o que poucos percebem é que muitas destas expressões que aparentemente estão corretas, nunca são analisadas profundamente.
A cada semana iremos analisar um chavão. O objetivo destes posts será avaliar frases feitas e clichês que escutamos por aí que não são necessariamente verdadeiros nem encontram respaldo nas escrituras.
"Você pode ouvir a Palavra de Deus e pode estudar a Bíblia, mas somente quando o Espírito Santo vem e aviva uma passagem ou passagens da Escritura ao seu coração, queimando-as em sua alma e dando-lhe a conhecer como aplicá-las diretamente à sua situação específica é que Logos se transforma em Rhema."
Quem introduziu essa diferença entre as palavras gregas foi Kenneth Hagin. Ele afirma que logos é a palavra de Deus escrita, a Bíblia e que rhema é a palavra falada por Deus em revelação ou inspiração a uma pessoa em qualquer época, de modo que o crente pode repetir com fé qualquer promessa bíblica, aplicando a sua necessidade pessoal, e exigir seu cumprimento.
Atribuir tanta autoridade assim às palavras de uma pessoa extrapola os limites bíblicos. Além disso, não é verdade que haja essa diferença entre logos e rhema. Deus é Senhor e soberano e nós os seus servos. O Senhor Jesus nos ensinou na chamada Oração do Pai Nosso: "Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu" (Mt 6.10). Essas duas palavras gregas são usadas alternadamente para indicar a Bíblia. A Septuaginta usou o termo 'rhena tou theou', "palavra de Deus", para designar a Bíblia em Isaías 40.8. A mesma expressão reaparece no Novo Testamento grego (1 Pedro 1.25). Isso encontramos também nos escritos paulinos (Efésios 6.17) e, no entanto, encontramos também 'logos tou theou' para designar a Bíblia em Marcos 7.13.
Russel Shedd afirmou que Pedro não fez distinção sobre estes termos em sua primeira carta, capítulo 1:23-25: "Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra (Logos) de Deus, viva que permanece para sempre. Porque toda a carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra (rhema) do Senhor permanece para sempre; e esta é a palavra (rhema) que entre vós foi evangelizada". Como podemos observar, na mente do apóstolo não havia distinção entre estas palavras. Sendo assim fica desfeita a pretensão daqueles que querem forçar uma interpretação e aplicação errônea destes termos.
09 julho 2009
A Arte da Frustração

Paulo escreveu aos filipenses: "Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a estar contente com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece".
Contente é a palavra chave. Em grego autarkeia. Um termo não religioso, ou seja, "secular". Na literatura antiga costumava ser utilizado pelos estóicos - com os quais Paulo estava familiarizado. O Estoicismo, cujo fundador foi Zenão de Cício (Chipre), filósofo grego, que aconselha a indiferença e o desprezo pelos males físicos e morais. Autarkeia significa auto-suficiência, competência, domínio próprio. O lêxico grego define como: "o estado de alguém se sustentar sem o auxílio de outros". Esta era uma das características prediletas dos estóicos.
SE(Baseado no cap.6 do livro "Dito e (ás vezes) feito" de Richards Bewes, Ed. Vida)
Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
01 julho 2009
A ciência torna obsoleta a crença em Deus? (2)
A única mulher a responder à Big Question da Fundação John Templeton é um exemplo de que nunca é tarde para correr atrás daquilo que se quer: filósofa, ela só publicou seu primeiro livro quando já era quase sexagenária, e comprou briga com ninguém menos que Richard Dawkins, um ícone do ateísmo militante!
Mary Midgley: É claro que não
Midgley não se define como uma pessoa religiosa: para ela, muitas das doutrinas cristãs simplesmente não têm como entrar na cabeça de alguém culto. Ainda assim, ela discorda das visões de mundo que reduzem a religião a um punhado de cerimônias e tentativas de meter medo nos fiéis. E é justamente sobre visões de mundo que a filósofa se debruça em seu texto para a Templeton.
Visão de mundo, para Midgley, é um conjunto de afirmações essenciais que nós nem sempre percebemos conscientemente, mas que usamos o tempo todo para resolver nossos conflitos internos. A crença ou descrença em Deus é uma dessas afirmações que fazem parte da visão de mundo de cada um. Não é uma opinião científica, mas até aí muitas outras afirmações que compõem nossa visão de mundo também não são, e ela dá exemplos: que outras pessoas são seres pensantes, e não robôs; que elas têm pensamentos e sentimentos parecidos com os nossos; que a maior parte do que elas dizem é verdade; que a natureza como um todo continuará se comportando da mesma forma com que tem se comportado até agora. Muito disso envolve fé (não no sentido religioso da palavra). "Nós confiamos no mundo à nossa volta, e em sua relação conosco. Essa crença – essa fé – não é irracional. É, de fato, o fundamento da nossa racionalidade. Se começássemos a duvidar da veracidade ou da consciência alheia, ou da regularidade da natureza, não perderíamos apenas a ciência, mas também a sanidade", argumenta.
E, assim, Midgley chega à sua versão do suposto antagonismo entre ciência e religião: um choque entre visões de mundo, especialmente a baseada no cientificismo, que vem ganhando adeptos no Ocidente.
As visões de mundo religiosas podem se diferenciar em vários aspectos, mas se unem ao colocar o ser humano dentro de um contexto maior. O cientificismo busca, diz Midgley, procurar o sentido da vida na própria ciência. "É essa reivindicação do monopólio do significado, mais que alguma doutrina científica em particular, que faz ciência e religião parecerem adversários atualmente", afirma.
A seguir, Midgley faz uma descrição de como a visão de mundo científica foi se alterando com o tempo, inclusive graças a "profetas" como Comte, Marx e Freud, até Karl Popper sacudir a Filosofia da Ciência com suas teorias. Para o mundo físico continuava tudo bem, mas não para a Psicologia, até que o Behaviorismo tentou dar uma resposta, que Midgley rejeita.
Para os behavioristas, diz a filósofa, a Psicologia deve lidar apenas com o comportamento exterior observável, deixando de lado a questão da consciência. O problema, para Midgley, é que isso acabaria com algumas daquelas idéias que ela considera básicas: que os outros, "por dentro", são como nós. A conseqüência seria a confusão generalizada devido à impossibilidade de comunicação entre as pessoas.
Diz Midgley que, embora o behaviorismo tenha perdido espaço a ponto de se poder voltar a falar em consciência hoje, algumas teses continuam populares (e aqui ela aproveita para dar outra alfinetada em Dawkins). Para a filósofa, "continuamos inclinados a achar que qualquer discussão que não seja sobre verdades literais a respeito do mundo físico é anti-científica".
Qual a conclusão de Midgley? Parece ser muito coerente com a comparação feita por ela uma vez, segundo a qual a Filosofia é como o encanamento: você só presta atenção
quando algo começa a dar errado – os filósofos percebem as crises e sugerem meios de lidar com elas. Nesse sentido, ela sugere que usemos essa crise em específico (o aparente embate entre ciência e religião) para, se for o caso, refazer nossas visões de mundo para que elas tenham sentido.
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O verbete sobre Mary Midgley na Wikipedia está repleto de links para artigos de sua autoria, perfis publicados na imprensa, um resumo do quebra-pau com Richard Dawkins e resenhas de suas obras.
29 junho 2009
A ciência torna obsoleta a crença em Deus?
O presente texto faz parte de uma série de artigos sobre as respostas que 13 personalidades do mundo científico e religioso deram à Fundação John Templeton sobre a questão “A ciência torna obsoleta a crença em Deus?”.
A Fundação John Templeton, segundo a própria descrição do site, se dedica a "servir como catalisador filantrópico para descobertas nas áreas que envolvem as grandes questões da vida". E, felizmente, a entidade considera que a relação entre ciência e religião é uma dessas áreas. A fundação organiza coletâneas que pretendem trazer várias visões sobre uma determinada pergunta, uma "Big Question", e a mais recente foi esta que dá título a este post. No total, treze pessoas responderam, e a lista vai de expoentes do ateísmo militante, como Christopher Hitchens (autor de Deus não é Grande) a um cardeal católico, passando por clérigos de outras religiões, ganhadores de prêmio Nobel, astrônomos, médicos e filósofos. Ou seja, o leque é fenomenal.
Segue a resposta do ganhador do Prêmio Nobel de Física William Daniel Phillips.
William D. Phillips: De jeito nenhum!
William Phillips conquistou o Nobel de Física em 1997. Em 1997, William Daniel Phillips ganhou o Prêmio Nobel de Física com dois colegas por seu trabalho sobre o uso de luz para resfriar átomos de gases, diminuindo sua velocidade e permitindo que sejam melhor estudados. Mas, em vez de escrever uma resposta profundamente “científica”, Phillips optou por uma abordagem muito pessoal, e nem por isso menos eficaz. Eu, particularmente, me surpreendi positivamente com seu texto.
Primeiro, ele se descreve como um cientista "como qualquer outro": ele pesquisa, publica suas conclusões em revistas especializadas, apresenta seus trabalhos em congressos, orienta pós-graduandos. E, ao mesmo tempo, é uma pessoa de fé "como qualquer outra": vai à igreja, canta no coro, reza e participa das formações oferecidas por sua igreja (o texto não diz, mas Phillips é metodista, como seu pai; sua mãe era católica). E aí está a grande sacada: como a mídia costuma dar atenção aos extremos – seja religiosos fanáticos que desprezam a ciência, seja cientistas ateus que desprezam a religião –, passa batido o fato de que a maioria das pessoas é como Phillips, ou seja, concilia os dois tipos de conhecimento.
E o físico nos conta a chave para a conciliação: são duas perguntinhas. A primeira é Como eu posso acreditar em Deus? Para um cientista, isso é possível porque a existência (ou inexistência) de Deus não é algo que pode ser provado em laboratório. Afirmações científicas devem ser "desmentíveis" (ou seja, demonstradas como falsas por fatos), mesmo que ainda não o tenham sido. E Phillips nos lembra que todos nós, todo santo dia, fazemos afirmações que não são de caráter científico. "Lewis Hamilton dirigiu muito no domingo passado" ou "os caras do CQC são engraçadíssimos" (Phillips dá exemplos melhores, como "eu amo você"). E nem por isso dizemos que essas afirmações, por não terem caráter científico, não têm valor, ou seja, nas palavras do físico: "Ciência não é o único modo útil de ver a vida".
A outra pergunta é Por que eu acredito em Deus?, e seu olhar de físico entra em ação, ao perceber um mundo em que os fenômenos podem ser explicados por um conjunto de equações matemáticas, e um universo em que estrelas e planetas, bactérias e gente, nunca teriam surgido se qualquer variável fosse minimamente diferente. E isso é um indício de um Deus inteligente, mas Phillips não avança o sinal – a ordem do universo aponta para a existência de Deus, mas ela continua sendo questão de fé (se fosse cientificamente evidente, não precisaríamos de fé, concordam?). E Phillips tem outros motivos para crer, esses acessíveis para físicos e não-físicos: "creio em Deus porque posso sentir Sua presença em minha vida, porque posso ver a evidência da bondade divina no mundo, porque acredito no Amor e acredito que Deus é Amor."
E aqui o cientista demonstra uma grande humildade. Ele pergunta se acreditar faz dele uma pessoa (e um cientista) melhor que os outros. Como ganhador de Prêmio Nobel, Phillips podia simplesmente subir no pedestal e dizer "prestem atenção, eu sei do que estou falando". Mas, em vez de se comparar com seus colegas ateus, ele prefere se comparar a si mesmo: "eu tenho certeza de que a fé me faz melhor do que eu seria se não acreditasse." Está aí uma lição de vida muito interessante, de alguém que consegue conciliar um conhecimento científico impressionante e uma fé igualmente sólida.
23 junho 2009
Espadas são para matar
Tradução: Pr. Maurício Andrade
No tempo do Novo Testamento espadas não eram para cavar, raspar ou desossar. Elas existiam para matar. A única razão de Pedro só ter cortado a orelha de Malcon foi que ele errou (João 18.10).Mas Herodes não errou: “Ele matou Tiago, irmão de João, a espada” (Atos 12.2).
By John Piper. © Desiring God. Website: desiringGod.org
Fonte: Blog da Editora Fiel
19 maio 2009
“Fé é a coragem de aceitar a aceitação”
Essa é a pergunta que faço aos cristãos. Vocês confiam no amor de Deus? Todos respondem que sim, que sabem disso há muito tempo. Aí, observe como vivem. Há tanto medo, tanta ansiedade, tanta raiva de si mesmos. A melhor definição de fé que já ouvi foi feita por Paul Tillich: “Fé é a coragem de aceitar a aceitação”. O que significa isso? Fé é um código para aceitar que Jesus conhece toda a história de minha vida, cada segredo, cada momento de pecado, vergonha, desonestidade e degradação em meu passado. Agora mesmo Ele conhece minha fé superficial, minha vida de oração frágil, meu discipulado inconstante, aproxima-se de mim e fala: “Desafio você a confiar. Confiar que eu o amo exatamente como você é e não como deveria ser, porque você nunca será como deveria ser”.
Minha percepção é que pensamos que, se deixarmos Deus livre em nossa vida, ele irá pedir demais de nós. Será que ele vai me mandar ficar 10 anos em Calcutá, com as missionárias de Madre Teresa? Será que vai me fazer ter câncer? Ele pode me mandar deixar minha esposa e ir viver sozinho numa caverna, pensando só nele. Esses temores malucos não têm nada a ver com o Deus verdadeiro, que se delicia com seu povo.
Para mim, é mais importante amar do que ser amado. Quando a pessoa ainda não teve a experiência de ser amada por Deus, do jeito que é e não como deveria ser, então amar os outros se torna um dever, uma responsabilidade, uma tarefa. Mas, quando aceito ser amado como sou, com o amor de Deus derramado em meu coração pelo Espírito Santo, então posso alcançar os outros com menos esforço.
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Brennan Manning
Entrevista ao site "Cristianismo Hoje"